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Ricardo Graham Ferreira

“Faz muito sentido a ênfase no termo “o ebanista” dada por Ricardo em sua marca. Trata-se simbolicamente de um ponto de convergência entre duas culturas, dois momentos; uma maneira histórica de afirmar que há em seu desenho uma assinatura reconhecível, um olhar delicado e atento que resgata e valoriza técnicas tradicionais aprendidas fora, enquanto persegue o traço curvo (e leve) do ideal moderno para exaltar a rica diversidade de madeiras nativas com que trabalha: roxinho, muirapiranga, muiracatiara, cumaru, cedro, sucupira vermelha, ipê, freijó, peroba mica e peroba do campo, obtidas tanto de manejos florestais certificados como de estruturas de antigas construções garimpadas pelo Brasil.
 

Ao fim, essa busca pela matéria-prima fundamenta todo o processo e se torna tão importante quanto a obra em si. Ricardo Graham Ferreira se insere numa geração de marceneiros brasileiros que encontrou na escassez um profundo respeito pelas madeiras nobres; aplicam uma atenção redobrada para que crimes do passado não se repitam, como no famigerado caso do jacarandá-da-baía; e fomentam tais desafios como uma oportunidade de investigar novas espécies e suas propriedades (como tom, cheiro e densidade) para imprimir um novo modelo estético e educar nosso olhar para a riqueza que nos cerca.

 

A diversidade a partir da adversidade para interromper o ciclo de irresponsabilidade de consumo, os vícios de linguagem saudosistas, e propor ao ofício uma nova relevância.”

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